quarta-feira, 14 de setembro de 2016

EDITORIAL: O que falar de um amigo (e das amizades verdadeiras).

Nesses tempos de campanha eleitoral, muitas amizades vão embora. Desfazem-se. De repente, nem eram amizades tão verdadeiras. Infelizmente, encontrar amizades reais nos dias de hoje é cada vez mais difícil. Elas se perdem na busca insana pelos interesses pessoais, pela troca de favores e pela falta de verdade nas relações entre os que se dizem amigos.
Enfim, nossa conversa de hoje, apesar da breve introdução, não é para falar sobre a falta de amizade, mas para enaltecer as que sobrevivem, e falar de um amigo em particular (e peço aqui as devidas desculpas, pois o assunto é um pouco, digamos, “pessoal”). Isso, porque quando falo, ou penso em amizade, e que me perdoem os meus outros amigos, companheiros e colegas, sempre me vem à mente o nome, ou melhor, o jeito dele: Vanderley.
Conheci Vanderley já se vão alguns anos, não me recordo bem como. Conhecer, no sentido de contato mais aproximado, visto que somos da mesma cidade, o que ocasiona todo mundo conhecer todo mundo. E desde que me lembro, é uma das poucas pessoas que o comportamento não muda com o passar do tempo.
Na época, ele, militar da ativa, Fuzileiro Naval, era (e sempre foi), apesar de extremamente organizado, pontual e reto, como acontece com a grande maioria dos militares, um sujeito de sorriso fácil. É fácil ver o Vanderley sorrir. Essa característica sempre retorna ao falar ou lembrar dele. Sempre disposto a ajudar, sempre o primeiro a se levantar, sempre o primeiro a auxiliar. Disposto e sempre procurando o que fazer (ou procurando “faxina”, como se diz na marinha), apesar da sua conformação física não suportar grandes esforços.
Nos tornamos amigos de forma rápida. Durante todos esses anos, apesar de ser eu, uma pessoa extremamente difícil em se tratando de convivência, nunca brigamos, ou discutimos mais seriamente. Às vezes, uma discordância de opinião, aqui, uma divergência ali, mas nunca nada sério. Quando era (e sempre era) necessária uma “chamada de atenção” ou um aconselhamento, estes sempre vinham com as palavras brandas, de modo que não arranhasse mais o que já estava, muitas vezes, ferido. Durante esse tempo, o vi poucas vezes irritado. E quando acontecia, durava pouco.
Acompanhei algumas de suas promoções enquanto militar. Chegou cedo ao posto de Suboficial (o posto mais alto a ser alcançado por um praça, diga-se de passagem). Apesar disso, ao longo de sua ascensão, nunca se utilizou de suas patentes militares como símbolo de status. Nunca se apresentou colocando a patente na frente do nome. Acompanhei também quando recebeu o título de Bacharel em Direito. Sempre encarou os desafios de modo a sempre termina-los. E sempre com êxito.
Nunca esqueceu nossa cidade. Durante os tantos anos que viveu fora, sempre esteve, de uma forma ou de outra, presente. Que o digam os tantos conterrâneos nossos que foram se aventurar fora, e que, ao chegarem lá, sempre (ou quase sempre) eram recepcionados por ele. Todos os anos, quando o trabalho permitia, sempre dava um jeito de vir. Cada vez que vinha, a vontade ficar mais um pouco, era sempre maior. Ir embora era a cana dano mais e mais difícil. 
Vanderley perdeu o pai, Seu Abílio, cedo. Dessa fase da sua vida eu sei pouco. Mas, acompanhei a dura e ingrata jornada da perda de sua mãe, Dona Teresa. Foi uma fase difícil. Porém, nem mesmo essa fase difícil conseguiu alterar nenhum traço de sua personalidade. Nem os duros golpes da vida alteraram sua maneira de ser e de agir.
Enfim, quando se trata de amigo, e, se tiver eu que citar um exemplo de amigo, falo nele. Quando me perguntam sobre amizade, é o nome que escapa da boca:
Vanderley.
Ultimamente, meu amigo resolveu se dedicar a política. Segundo ele, uma forma de ajudar mais a quem precisa, a quem necessita. Uma vez, ele me disse que gostaria de ver nossa cidade, nosso município, mais desenvolvido, menos injusto, melhor administrado. Muitas vezes o vi criticar a forma de administrar, a forma de fazer política. Tenho toda a certeza, que foi isso que o levou a esse lado. O lado mais difícil. O lado de “ser político”.
Precisar, creio que ele não precisava. Hoje aposentado, após os trinta anos a serviço da nação, poderia desfrutar do seu “ócio com dignidade”, visto que seus recursos e justos rendimentos, condizentes com sua vida austera e simples, seriam mais que suficientes. Bacharel em Direito, poderia dedicar-se a exercer a advocacia, quem sabe a magistratura (competência não lhe falta). Acredito que o desejo de ajudar aos outros tomou uma nova dimensão. Agora, ele quer ir onde dá para ajudar mais, de forma mais efetiva. Um lugar onde sua voz será ouvida: O Legislativo Municipal.
Hoje, Vanderley enfrenta uma campanha de Vereador. Não sei se conseguirá se eleger, nem qual será a sua votação. As vezes, o resultado das urnas não é proporcional ao tamanho do serviço prestado. Mas, de uma coisa tenho certeza: em cada cantinho do município, tem alguém que se lembra de Vanderley. Em cada canto da nossa cidade, tem alguém que, direta ou indiretamente, foi auxiliado por ele. A gratidão dessas pessoas, o olhar, segundo ele mesmo diz, a satisfação em ajudar, tem mais valor do que qualquer voto, do que qualquer resultado de eleição. Vanderley é uma das poucas pessoas que ajuda sem esperar retribuição. Digo isso por experiência própria, não porque somos amigos. É a verdade.
Acredito, que a gratidão das pessoas, a espontaneidade das pessoas, o sorriso das pessoas quando a gente fala no nome dele, é que, para ele, faz realmente alguma diferença. É o que realmente tem valor.
Nossa amizade é uma das coisas caras em minha vida. Seu desprendimento e paciência em aguentar seu amigo aqui (até nos momentos que nem eu me aguento), é exemplo para minha vida. Seu zelo pelas pessoas são atitudes que eu tento, com pouco sucesso, é verdade, imitar. Somos amigos, e só. É simples. Sem cobrança, sem troca de favores.
E é desse tipo de amizade que o mundo carece. É esse tipo de amizade que não se desfaz com o vento. É o tipo de amizade que nada (inclusive uma campanha política) consegue derrubar.
Obrigado pela sua amizade. Obrigado pela sua coragem em colocar o nome a disposição do julgamento popular, não para trabalhar pelos outros, isso você já vem fazendo a muito tempo, sem mandato. O mandato vai apenas ampliar a abrangência da sua atuação. Obrigado por acreditar que é possível fazer melhor, que é possível fazer diferente, que é possível estar a serviço do povo. Não como político.
Como um verdadeiro Amigo.


Josmari de Sales Costa é Funcionário Público Estadual, Graduado em Marketing pela UNP – Universidade Potiguar.