Todo vício é prejudicial, nocivo. Ser viciado em drogas
(lícitas e ilícitas), em comida, em sexo, em jogo... Enfim, tudo que
caracteriza vício ou compulsão é considerado doença e tem que ser encarado com
toda atenção. Tem que ser tratado. O vício não só é nocivo para o viciado, como
também para aqueles que o rodeiam. Todos
adoecem.
Nos últimos dias, meses, por assim
dizer, tenho observado outro tipo de vício, que talvez ainda não conste dos
compêndios de medicina, nem foi noticiado na mídia especializada: O vício no
poder. Observo na nossa cidade, um número considerável de indivíduos que são
afligidos por esse mal. Encontram-se em crise de profunda abstinência. O
inconformismo é notadamente expresso por atitudes, palavras, gestos, textos nas
redes sociais. Ao serem privados do poder, encontram-se literalmente doentes.
Fazem de tudo para ter mais uma dose, mínima que seja. E não encontrando a
droga, o poder tão desejado, que se lhes escapou entre os dedos (e cabeças)
debilitados pelo uso constante, tentam substituir um vício, por outro ainda
pior: a maledicência.
Esses cidadãos, disfarçados de
“vigilantes” e preocupados oposicionistas, vivem à cata de notícias fantasiosas
e falhas na administração que agora detém os destinos do município, não para o
debate em busca de soluções aos erros. Não procuram apontar as falhas e
apresentar, ou pelo menos propor soluções. O objetivo em “estar de olho” é
puramente pra torcer pelo pior. É uma tentativa desesperada de provar que eu
“eu era melhor...”, ou ainda “no meu tempo era diferente...”. Ficam nas
sombras, nas marquises e viadutos da história, numa inércia doentia, ansiando
por mais uma dose da droga que por tantos anos injetaram nas veias: O poder.
Lembro claramente que até poucos
meses, talvez um ano, eu e outros que compartilhávamos os mesmos desejos e
linhas de pensamento, éramos oposição. Fazíamos parte de um grupo oposicionista
que debatia, discutia, apontava erros e principalmente soluções. Pregávamos que
era necessário mudar. Fazíamos questão de atacar atitudes erradas, nunca
pessoas. Entretanto, sempre fizemos isso as claras, abertamente. Não tínhamos o
recurso nem o artifício de nos ocultar nas sombras. Sempre procuramos, enquanto
grupo de oposição, mostrar o erro, e principalmente, como conserta-lo. Sempre a
luz do dia.
Vejo pessoas que mal tinham tempo de
atender um telefonema de um munícipe, hoje dedicar horas de seu dia para estar
nas redes sociais. Sempre incitando uns poucos que ainda resistem, que ainda
sonham em mais uma vez embriagar-se no vício do poder a pouco perdido, a
travarem uma luta que não é deles. Armam esses poucos desavisados com notícias
fantasiosas. Iludem. Mandam esses poucos soldados, como peões dos jogos de
xadrez, a se sacrificarem por eles. Incentivam esses “fieis” e “iludidos”
seguidores a mentir, caluniar, propagar mentiras. Vasculham os meios de
comunicação atrás de cada erro milimétrico da administração. Erros pontuais são
transformados em material de vasto e amplo debate.
Mas fazem isso de maneira aberta?
Não.
Operam das sombras. Escondem-se.
Falta-lhes a coragem e a determinação de combater em campo aberto. Com a
fragilidade de seus argumentos, preferem que outros falem por eles. Esperam que
seus poucos soldados, cansados e desiludidos, estropiados por com travarem uma
batalha ingrata, lutem, falem, combatam por eles. Acreditam que erros de um
início de gestão, poderão encobrir quase duas décadas de desmandos e má
administração. Não tem cerimônia em enganar e mentir. A eles, o bem estar das
pessoas está em segundo plano. Esperam, como todo viciado, em seus delírios da
forçada abstinência, que alguém lhes ofereça mais uma dose.
Apenas mais uma.
Josmari de Sales Costa é Funcionário Público Estadual, Graduado em Marketing pela UNP –
Universidade Potiguar.